IA híbrida ajuda na segurança, mas atrasa popularização do Galaxy AI

IA híbrida ajuda na segurança, mas atrasa popularização do Galaxy AIWallace Moté

Durante o evento Galaxy Unpacked onde a Samsung apresentou seus novos Galaxy S24, o Canaltech teve acesso ao Presidente e Líder Global de Mobile eXperience (MX) da marca sul-coreana, onde conseguimos tirar algumas dúvidas sobre os lançamentos e planos da marca para o futuro. Durante a entrevista, TM Roh comentou sobre a abordagem híbrida do Galaxy AI, onde parte do processamento é feito de maneira local e outra parte na nuvem, e quais as vantagens e desvantagens disso.

O executivo respondeu ainda quando veremos celulares baratos com o Galaxy AI, e como a Samsung vem trabalhando para tornar o uso de Inteligência Artificial mais seguro, ao mesmo tempo em que garante seu funcionamento de forma plena pelo maior número possível de usuários.

Galaxy AI em celulares baratos

Antes de mais nada, TM Roh relembrou que o Galaxy AI possui uma abordagem híbrida não apenas em sua forma de processamento como também nas tecnologias usadas. O pacote de Inteligência Artificial lançado pela Samsung junto ao Galaxy S24 tem ferramentas que funcionam tanto com processamento local quanto com processamento na nuvem, e ainda mescla tecnologias proprietárias de IA com outras desenvolvidas por parceiras. Por isso a situação é muito mais complexa do que parece.

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Funções que dependem de processamento local não podem ser simplesmente levadas para outros modelos sem entender se o hardware dará conta de entregar a experiência desejada — e justamente por isso a Samsung prometeu levar o Galaxy AI inicialmente apenas para flagships lançados em 2023, como a linha Galaxy S23, o Galaxy Z Fold 5, o Galaxy Z Flip 5 e os tablets Galaxy Tab S9.

Por outro lado, funções que dependem de tecnologias de terceiros — seja com processamento em nuvem ou local — também dependem destes parceiros fazer a otimização, para que só então a Samsung possa trabalhar com as funções para que sejam incluídas nos produtos mais baratos, sempre testando tudo para ver se a performance está dentro do esperado.

Com isso, o executivo afirma que não é possível entregar o Galaxy AI atualmente na série Galaxy A, mas que assim que os requisitos de hardware forem alcançados isso será feito.

“O Galaxy AI tem uma abordagem de uso híbrido, algo que vimos, de acordo com nossas pesquisas, que seria o melhor caminho a seguir. Isso significa que temos uma combinação de tecnologias, incluindo algumas proprietárias e outras de parceiros estratégicos, realizando tanto processamento em nuvem quanto local para se adequar perfeitamente a cada caso de uso.

No caso do processamento local (OnDevice), usuários podem aproveitar as funções de IA com a máxima otimização para uso em dispositivos móveis, enquanto garantem segurança e privacidade, mínimo consumo de banda e baixíssima latência nos comandos. Mas, isso vem com um preço, e para executar as tarefas localmente você precisa satisfazer as exigências de hardware, em especial na parte de NPU que vem tendo bastante foco nos modelos premium.

Como anunciei no Galaxy Unpacked, as funções de IA lançadas com o Galaxy S24 chegarão ainda neste primeiro semestre a outros modelos flagship lançados no ano passado, como Galaxy S23, Galaxy S23 FE, Galaxy Z Fold 5, Z Flip 5 e os Tab S9. Isso se dá porque os requisitos de hardware foram atendidos, e eles serão capazes de executar as funções como planejadas.

Mas, respondendo sua pergunta sobre a chegada do Galaxy AI em celulares de entrada ou intermediários, como a série Galaxy A. Não, as funções do Galaxy AI não são suportadas na série Galaxy A. Os aparelhos precisam atender aos requisitos de hardware e isso não acontece atualmente. Não planejamos isso. Dito isso, a série Galaxy A continuará a ser aprimorada, e certamente com o passar do tempo esses requisitos de hardware serão atendidos. Quando isso acontecer, trabalharemos para levar as funções de IA.”

— TM Roh, Presidente e Líder Global de Mobile eXperience da Samsung

Privacidade e direitos autorais no uso da IA

Quando questionado sobre as diferenças na abordagem de processamento do Galaxy AI, e o que fez a Samsung partir para algo nessa linha híbrida, TM Roh afirmou que a Samsung se preocupa bastante em dar opção ao usuário para usar as ferramentas de IA da forma que julga mais de acordo com suas necessidades. Segundo ele, um dos pontos que mais preocupam os usuários é a privacidade, e por isso é possível “travar” o Galaxy AI para funcionamento apenas local.

Outro ponto importante diz respeito à transparência das informações geradas por IA, sejam elas imagens, áudios, textos ou qualquer outro tipo de mídia. O executivo aponta que a Samsung vem trabalhando para deixar sempre claro quando um conteúdo foi gerado por IA, seja dando um aviso antes de uma chamada telefônica traduzida em tempo real ou incluindo uma marca d’água em imagens editadas com IA generativa.

A ideia da Samsung é sempre dar a mesma importância para o desenvolvimento da Inteligência Artificial e para os problemas que podem vir com seu uso, buscando estar na vanguarda e mantendo viva a discussão sobre o uso ético e regulamentado da IA. Uma vez que um padrão esteja estabelecido, definindo o caminho que IA deve seguir, a marca já estará de acordo com o que se espera.

“Acredito que corrigir os problemas e preocupações relacionados ao uso de IA é tão importante quanto desenvolver a IA, pois só assim conseguiremos providenciar proteção suficiente para que a IA realmente atinja seu verdadeiro potencial. Acredito que o esforço tem que ser o mesmo, tanto para desenvolver a IA quanto para resolver seus problemas.

Existem muitas preocupações sobre o uso de IA, incluindo privacidade e segurança. Isso é de suma importância, então estamos fazendo esforços em várias frentes para garantir tranquilidade ao usuário. Temos nossas próprias tecnologias, como o Knox Matrix e as chaves de acesso que usam criptografia, enquanto também trabalhamos com parceiros como Google e Microsoft para entregar outros filtros de segurança. Estamos discutindo e implementando várias formas de responder às preocupações sobre IA.

Sobre os problemas de direitos autorais, uma forma de resolver isso é padronizar algum tipo de marca que seja deixada por edições de IA, e que possa ser identificada diretamente nos metadados. Isso é algo que vem sendo estudado na indústria como um todo e, assim que tivermos um consenso, a Samsung certamente irá abraçá-lo. Temos ativamente fomentado discussões sobre o uso ético de IA e sua regulação.

E eu acho que, no fim, o mais importante de tudo é dar ao consumidor o direito da escolha sobre o uso de IA. Por exemplo, no Galaxy S24 nós estamos dando a escolha do usuário decidir se quer ter um processamento apenas OnDevice para garantir máxima privacidade, ou se deseja maior performance ao usar um processamento híbrido com a nuvem. Empoderar e dar maior controle ao usuário é também um aspecto muito importante do uso ético da IA, e a Samsung Mobile está muito engajada nisso.”

— TM Roh, Presidente e Líder Global de Mobile eXperience da Samsung

Leia a matéria no Canaltech.

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