Exame de sangue simples pode revolucionar diagnóstico de Alzheimer

Exame de sangue simples pode revolucionar diagnóstico de AlzheimerAugusto Dala Costa

Pesquisadores estão muito próximos de chegar a um exame de sangue simples que consegue detectar a doença de Alzheimer e as chances de apresentá-la no futuro, evitando exames caros como punções lombares e tomografias para o seu diagnóstico. No ano passado, um projeto britânico milionário foi iniciado para permitir um diagnóstico de segundos em um período de desenvolvimento de cinco anos, por exemplo.

Agora, cientistas avaliam a possibilidade de um exame de sangue já utilizado comercialmente ser utilizado para detectar o Alzheimer com a mesma precisão de uma punção lombar, ou até mesmo com precisão maior. O autor principal do estudo que investiga o novo exame é Nicholas Ashton, da Universidade de Gotemburgo, que afirmou ter resultados com implicações importantes. Ele e a equipe se baseiam em estudos que mostraram uma desaceleração no declínio cognitivo mediante o uso dos remédios donanemabe e lecanemabe.

Diagnóstico simples do Alzheimer

De acordo com os pesquisadores, para receber os medicamentos novos, primeiro é preciso provar que há amiloides no cérebro, sinal da doença de Alzheimer. É praticamente impossível, no entanto, fazer punções na espinha e escaneamentos cerebrais em todas as pessoas com potencial de apresentar a doença no mundo todo.

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É aí que o potencial do exame de sangue reside. O teste rápido ainda seria útil mesmo na ausência dos remédios, já que também é importante descobrir se a demência de uma pessoa é de fato causada pelo Alzheimer ou não, dando um direcionamento melhor para manejar a patologia.

Publicada no periódico científico JAMA Neurology, a avaliação dos autores mostrou que a proteína p-tau217, biomarcador conhecido para verificar mudanças no cérebro associadas ao Alzheimer, pode ser medida através do sangue. Ela pode ser usada para diferenciar a doença de outros processos neurodegenerativos e até mesmo detectá-la no caso de problemas cognitivos leves. Para facilitar o exame, o teste sanguíneo ALZpath foi estudado pelos cientistas.

Foram analisados dados de diferentes testes clínicos nos Estados Unidos, Canadá e Espanha envolvendo 786 pessoas, tanto com problemas cognitivos quanto sem eles. Todos haviam realizado punções lombares ou tomografia por emissão de pósitrons (PET) para detecção de amiloides e proteínas tau no cérebro, marcadores importantes da doença.

Os resultados foram comparados com os do exame de sangue ALZpath, o que mostrou uma precisão tão boa quanto a dos testes mais caros e até mesmo melhor quando comparada a medições de atrofia cerebral. Foi possível diagnosticar corretamente 80% dos pacientes apenas com o exame de sangue, sem outras investigações. Com isso, poderão ser feitos testes sanguíneos em toda a população acima dos 50 anos a cada poucos anos, assim como é feito com o colesterol alto.

Só é necessária precaução, segundo Ashton, para não usar os remédios logo após a detecção de amiloides sem sintomas, já que não há provas de que a medicação ajuda em casos ainda assintomáticos. De qualquer forma, um método mais barato e muito menos invasivo é uma ótima notícia para quem tem chances de desenvolver Alzheimer.

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