Conferência aponta que agro pode liderar debate sobre meio ambiente

As discussões sobre o agro na conferência Sustentabilidade Brasil antecipam um dos principais temas da COP30, que acontece o Pará em novembro. Crédito: Divulgação

Agronegócio e agenda climática podem estar no mesmo espaço. E o agro pode liderar o debate sobre sustentabilidade. Essa foi uma das discussões do segundo dia da conferência Sustentabilidade Brasil 2025, em Vitória. Nesse sentido, com a proximidade da COP30, especialistas defenderam que o Brasil tem a oportunidade de se apresentar como liderança em práticas sustentáveis no campo.

“A COP30 será uma oportunidade para discutirmos nossos desafios e buscarmos soluções em diálogo com o mundo. E o mais importante: a sociedade civil estará presente e atuante”, afirmou Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal.

Durante o debate, a empresária e ambientalista Mariana Caetano alertou para os impactos da crise climática na segurança alimentar mundial. “As secas estão se tornando mais frequentes, e a segurança agroalimentar virou preocupação global. Ou seja, isso mostra como estamos todos interligados bem como reforça que a tecnologia precisa ser integrada à discussão sobre o futuro da agropecuária”, explicou a fundadora da climate tech SALVA.

O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, destacou ainda o protagonismo do agro capixaba no alinhamento com metas internacionais. “Nem todos os estados contam com fundos ou programas de reflorestamento. Porém o Espírito Santo avança nesse sentido, alinhando-se com os compromissos globais da Agenda COP”, afirmou. Ele ainda defendeu a valorização da ciência e da inovação no setor: “Desenvolvimento tecnológico e científico é tão importante quanto o quesito ambiental e social”.

Do agro ao oceano: conexões sustentáveis

Outro painel trouxe uma abordagem inovadora ao conectar o agro com o universo marinho, por meio da chamada economia azul. Marcelo Polese, pesquisador do Ifes Piúma, apresentou projetos de destaque como o Laboratório de Ensino Flutuante Ciências do Mar III. “É fundamental que a produção agropecuária também dialogue com as águas, respeitando os ciclos naturais e integrando inovação à sustentabilidade”, disse.

A extensão rural e pesqueira também foi tema do painel, com a engenheira Roberta Garcia ressaltando o papel da cooperação entre instituições. “A obtenção de dados, o monitoramento marinho, a gestão eficaz dos recursos e a rastreabilidade pesqueira são pilares fundamentais para enfrentar os desafios da pesca sustentável”, pontuou. Ela destacou ainda que “a extensão cumpre um papel estratégico ao aproximar comunidades mais afastadas da realidade tecnológica”.

Sérgio Miguel Leandro, representante da Universidade Politécnica de Leiria, em Portugal, completou a discussão com uma visão internacional. “A economia azul vai além do mar; ela se conecta com a sustentabilidade em terra, unindo o azul ao verde e o verde ao azul. É uma lógica integrada e regenerativa”, afirmou. Para ele, a troca de experiências entre academia, governo e setor privado é essencial: “A transferência de conhecimento entre esses diferentes agentes é essencial para fortalecer essa construção coletiva”.

Além do agro, a conferência tem mais de 40 painéis programados até o dia 14. O Sustentabilidade Brasil 2025 se consolida como um dos principais fóruns ambientais do país. “A sustentabilidade deve vir com prosperidade”, lembrou Marcello Brito, reforçando que o debate sobre o futuro do agronegócio brasileiro será um dos pontos centrais da participação do país na COP30.

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