
Califórnia processa o governo federal e Trump fala em prisão do governador. Em Los Angeles, manifestantes protestam pelo quarto dia contra a política de imigração de Trump
Reprodução/TV Globo
Pelo quarto dia seguido, protestos tomaram as ruas de Los Angeles, nos Estados Unidos, contra a política de imigração de Donald Trump. O presidente enviou a Guarda Nacional para a cidade, ordenou que fuzileiros navais da ativa contenham as manifestações e entrou em confronto com o governador.
Manifestantes voltaram a bloquear ruas para protestar contra a prisão de imigrantes irregulares. Mais cedo, o estado da Califórnia entrou com uma ação judicial contra o envio da Guarda Nacional para a cidade. Rob Bonta definiu como abuso de autoridade a decisão do governo federal.
O procurador-geral da Califórnia afirmou que não havia necessidade de reforços para conter os manifestantes. Mais tarde, Trump citou carros incendiados para justificar a decisão:
“Se não tivéssemos feito o nosso trabalho, aquele lugar teria sido queimado”, afirmou.
No início da noite desta segunda-feira (9), as Forças Armadas confirmaram o envio de 700 fuzileiros navais para reforçar a segurança em Los Angeles. A decisão, rara, amplia a intervenção do governo federal e também a tensão com as autoridades estaduais. O governador da Califórnia Gavin Newsom afirmou que fuzileiros são heróis mas que eles não deveriam atuar em solo americano para enfrentar compatriotas.
Na semana passada, agentes federais de imigração fizeram uma série de operações em Los Angeles. Mais de 100 pessoas foram detidas. Na sexta-feira (6), uma parte da população reagiu, e os protestos começaram.
No dia seguinte, houve protestos no centro da cidade e também na região metropolitana, a cerca de 30 km. Manifestantes fecharam avenidas e atearam fogo a um carro. A polícia local disparou bombas de efeito moral e balas de borracha contra os manifestantes – que revidaram com pedras, garrafas e fogos de artifício. À noite, mais protestos.
O governo Trump, então, ordenou o envio da Guarda Nacional para Los Angeles. Na manhã de domingo (8), os primeiros agentes chegaram. Eles formaram um cordão de isolamento em torno da prisão de imigrantes. Houve confronto.
Os manifestantes permaneceram nas ruas por horas, ocuparam uma rodovia e queimaram mais carros – inclusive uma viatura da polícia. Policiais de Los Angeles e agentes federais reprimiram com tiros de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Até agora, mais de 150 pessoas foram presas nos protestos. Uma jornalista australiana foi atingida na perna por uma bala de borracha enquanto cobria as manifestações. A emissora 9News afirmou que tanto ela quanto o câmera passam bem.
Nesta segunda-feira (9), Los Angeles amanheceu com forte presença de agentes de segurança. A polícia proibiu qualquer aglomeração no Centro da cidade. Mesmo assim, os manifestantes voltaram às ruas. Um terço da população de Los Angeles é formada por imigrantes. Mais da metade dos moradores fala outro idioma além do inglês.
LEIA TAMBÉM
Como um rumor de batida contra imigrantes em loja fez eclodir protestos em Los Angeles
Protestos em Los Angeles: o que é a Guarda Nacional dos EUA?
Repórter é atingida por bala de borracha durante entrada ao vivo nos protestos em Los Angeles