Michael Jackson, Fernando Braga e José Saramago: veja o que disseram os estudantes de MT que ‘bateram na trave’ e fizeram 980 pontos na redação do Enem


Um seleto grupo de 18 candidatos de escolas públicas de Mato Grosso contabilizaram mais de 900 pontos. O estado não teve registro de nota mil. Estidantes de MT fizeram 980 pontos na redação do Enem
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Mato Grosso não registrou nenhuma das 60 redações nota mil no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) contabilizados no Brasil em 2023, no entanto, um seleto grupo de 18 candidatos de escolas públicas contabilizaram mais de 900 pontos, sendo que alguns ‘bateram na trave’ da nota máxima, registrando 980 pontos. O g1 conversou com três estudantes, e as inspirações para a construção do texto foram de Michael Jackson a Fernando Braga.
O tema da redação foi: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Pablo Henrique Silva Pinheiro, de 18 anos, estudante da Escola Estadual Conquista D’ Oeste, a 771 km de Cuiabá, contou que se preparou com cursos de escrita e que a professora trabalhou a trajetória do psicólogo social Fernando Braga da Costa, que foi gari por dez anos e varria as ruas da Universidade de São Paulo.
“Quando me deparei com o tema fiquei super tranquilo, pois naquela mesma semana minha professora Priscila Germosgeschi trouxe em sua aula Fernando Braga para conversarmos e tirarmos dúvidas em relação a invisibilidade do trabalho de cuidado, então, quando vi o tema, fiquei feliz, pois conseguia escrever muitas coisas e tinha muitos repertórios”, contou.
Pablo usou a história do psicólogo Fernando Braga para citar em sua redação
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As notas do Enem foram divulgadas no último dia 17 e mesmo sem a pontuação máxima, o desempenho próximo de uma nota mil é motivo de superação. Para a estudante Elisabella de Lima Mendes, de 17 anos, de Campos de Julio, a 692 km de Cuiabá, a nota 980 na redação foi um alívio.
A adolescente sempre fez o Enem como treineira e quando estava no segundo ano alcançou a nota de 840 na redação. Ela contou que estudou 12 horas, não saía de casa e garante que não foi saudável, por isso, precisou mudar a estratégia.
“Quero frisar que passar 12 horas estudando é doentio, só consegui evoluir com a minha nota quando percebi que passar 12 horas sentada na cadeira, com a cara em uma tela, não ia me ajudar em nada. Aprendi a organizar meu tempo e reservar apenas 4 horas do dia para estudar. Isso me fez bem e melhorou meu foco”, explicou.
Elisabella de Lima Mendes usou frases ditas no clipe do
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Na redação, ela disse que usou como referência a música do Michael Jackson, They Don’t Care About Us, que teve um videoclipe gravado no Brasil, em 1995.
“Assim que li o tema da redação fiquei assustada, mas de cara já lembrei do clipe do Michael gravado no Brasil, onde no início aparece um moça falando “Maycon, Maycon, eles não ligam pra gente”. Explorei profundamente as raízes históricas e sociais. Destaquei a necessidade de promover uma mudança cultural que reconheça e valorize os trabalhos mencionados nos textos de apoio. Utilizei exemplos concretos, dados estatísticos e referências a políticas públicas, proporcionando uma análise abrangente e embasada”, contou.
Por outro lado, a estudante da Escola Estadual Angelina Franciscon Mazutti, disse que o nervosismo pode ter tirado seus “20 pontinhos”.
“Ainda não sei onde errei para tirar aqueles 20 pontos, mas tem uma coisa que eu fiz por causa do nervosismo, na hora da conclusão eu fiquei paralisada e sem saber argumentar, aquilo tomou o meu tempo, que é essencial na hora de fazer a prova. Por causa da tremedeira, acredito ter errado algumas palavras”, comentou.
Thiago Henrique Pinheiro da Costa não teve tempo de revisar prova.
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Em Cuiabá, Thiago Henrique Pinheiro da Costa, estudante de uma das escolas públicas mais tradicionais, Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller, contou que citou vários autores ao longo do texto.
“Na introdução usei o ‘Ensaio sobre a Cegueira’, de José Saramago, e minha argumentação tive como base o machismo estrutural e a falta de oportunidades que as cuidadoras têm. No desenvolvimento, usei Djamila Ribeiro e Daniela Arbex para ajudar na argumentação, sempre reforçando a negligência e o preconceito e suas consequências”, explicou.
Thiado acredita que não alcançou a nota mil, por teria passado um estresse na prova, o que o deixou sem tempo para revisar o texto.
“Quando olhei o tema da redação travei um pouco, mas logo após ler os textos motivadores já sabia do que se tratava e do que precisava falar, fiz meu projeto estratégico no rascunho e passei a limpo para a folha. Porém, tive estresse com o horário de prova. Fiquei muito nervoso e não tive tempo para revisar a redação, corrigir os erros superficiais, que eram meus principais erros, mas, no geral, foi tudo muito tranquilo”, contou.
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