
O Banco Central do Brasil se aproxima de um momento decisivo. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 18 de julho, deve testar a autonomia e o posicionamento da diretoria liderada por Gabriel Galípolo. A avaliação é da economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, que enxerga a instituição em meio a uma “prova de fogo”.
Segundo Veronese, até agora a atual gestão do Banco Central apenas deu continuidade ao plano deixado por Roberto Campos Neto, incluindo os ajustes residuais na taxa Selic. No entanto, a continuidade ou não das altas de juros em um cenário de inflação resiliente e política fiscal expansionista deverá impor novos desafios. “O cenário muda completamente a partir de agora. É a primeira vez que essa diretoria vai realmente tomar decisões independentes”, afirmou.
Banco Central no radar: fiscal e expectativa de alta de juros
O Banco Central já trabalha com juros em patamar elevado — 14,75% ao ano — e pode optar por mais um ajuste de 0,25 ponto percentual. A dúvida não está apenas no aumento, mas na sinalização futura. Veronese alerta que subir e manter a porta aberta para novas altas poderá ampliar a pressão política, enquanto uma sinalização clara de fim do ciclo pode aliviar tensões.
Além disso, a economista destaca o desequilíbrio entre a política monetária restritiva e a política fiscal do governo, que continua estimulando a economia. “Não adianta o governo exigir juros mais baixos se está promovendo estímulos do outro lado”, apontou.
Ano eleitoral deve intensificar cobranças por cortes de juros pelo Banco Central
Com a aproximação das eleições de 2026, cresce a pressão por uma política monetária mais frouxa. Helena Veronese avalia que a cobrança por cortes será inevitável e que a independência do Banco Central será colocada à prova. “Ninguém quer entrar em ano eleitoral com os juros mais altos dos últimos anos”, afirmou.
Apesar das críticas veladas do presidente Lula, a diretoria de Galípolo ainda mantém respaldo institucional. A depender da condução da próxima reunião, o mercado poderá ter uma visão mais clara sobre o compromisso do Banco Central com a estabilidade, mesmo diante de um cenário político e fiscal adverso.
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