
Ela é resistente, elegante e praticamente indestrutível — mas nem por isso está imune aos erros que muitos jardineiros cometem sem perceber. A espada-de-são-jorge, símbolo de proteção e força, pode adoecer rapidamente quando recebe um tipo de adubo caseiro muito comum nos lares brasileiros. O pior? Essa prática é incentivada justamente por quem acredita estar fazendo um “bem natural” para a planta.
O adubo mais usado e o mais perigoso para a espada-de-são-jorge
Entre os vários ingredientes reaproveitados por quem cultiva plantas em casa, a borra de café figura no topo da lista. Rica em nitrogênio e fácil de conseguir, ela parece uma escolha certeira — mas para a espada-de-são-jorge, pode ser o início de um problema.
Esse tipo de adubo orgânico, quando aplicado diretamente no solo ou em grandes quantidades, altera o pH do substrato, aumenta a retenção de umidade e favorece a proliferação de fungos. Como a espada-de-são-jorge tem raízes que preferem ambientes bem drenados e pouco férteis, a combinação é desastrosa: as folhas amarelam, as pontas escurecem e o crescimento estagna.
Como o excesso de umidade afeta suas raízes
Diferente de outras plantas tropicais, a espada-de-são-jorge não gosta de solo encharcado. Suas raízes carnosas armazenam água, o que a torna extremamente sensível ao excesso de umidade. Quando o solo recebe frequentemente borra de café, ele se compacta, dificulta a drenagem e forma um ambiente propício para o apodrecimento das raízes.
Em poucos dias, a planta começa a mostrar sinais de estresse. O aspecto rígido e imponente das folhas dá lugar a uma aparência murcha e desbotada. Em casos mais graves, o apodrecimento do rizoma (base subterrânea) pode matar toda a planta sem chance de recuperação.
Adubação certa para a espada-de-são-jorge crescer forte
Ao contrário do que se pensa, a espada-de-são-jorge não precisa de muita adubação para crescer bem. Seu habitat original são regiões semiáridas, com solo pobre e seco. O ideal é usar fertilizantes específicos para suculentas ou cactos, com baixo teor de nitrogênio e liberação lenta.
Caso prefira seguir por uma linha mais natural, opte por cascas de ovo trituradas, cinzas de madeira (em pequenas quantidades) ou húmus de minhoca diluído na água de rega. Esses insumos, quando aplicados com moderação, não alteram drasticamente o pH do solo nem comprometem a drenagem.
Sinais de alerta que indicam adubação errada
Fique atento aos seguintes sintomas:
- Folhas com manchas escuras nas bordas
- Amarelamento uniforme, mesmo em folhas jovens
- Aparecimento de mofo ou cheiro de fermentação na terra
- Solo com aparência compactada e sempre úmido
- Falta de crescimento por várias semanas, mesmo em condições ideais de luz
Se notar dois ou mais desses sinais, é hora de revisar sua rotina de adubação. Interrompa o uso de qualquer composto orgânico direto (como borra de café), remova o excesso do solo e, se necessário, troque o vaso por um com substrato leve e bem drenante.
Como recuperar uma espada-de-são-jorge afetada
Se a planta ainda não foi severamente comprometida, a recuperação é possível. Comece fazendo uma poda das folhas mais danificadas e retire a planta do vaso para verificar o estado das raízes. Corte com tesoura esterilizada as partes que estiverem escuras ou com cheiro ruim.
Depois, deixe a raiz secar por 24 horas em local ventilado e replante em um vaso com furos no fundo e mistura de areia, perlita e um pouco de terra vegetal. Evite regar nos primeiros 3 dias e retome a irrigação apenas quando o solo estiver completamente seco.
Por que tanta gente comete esse erro
A popularização da jardinagem doméstica trouxe também a disseminação de receitas caseiras nem sempre compatíveis com todas as espécies. Como a borra de café funciona bem com plantas como hortelã, manjericão e roseiras, muitos deduzem que o mesmo vale para as suculentas e cactáceas, o que não é verdade.
A espada-de-são-jorge tem necessidades muito específicas e, por sua aparência robusta, passa a falsa impressão de que “aguenta tudo”. Mas como vimos, até mesmo as mais resistentes têm seus limites.
Cuidar bem de uma planta vai além do carinho e da rega: exige conhecimento, observação e, às vezes, a coragem de abandonar velhos hábitos. Afinal, se ela está ali para proteger o lar, nada mais justo do que proteger ela também.