Jacarés serão retirados de lagoas para repovoar parque e salvar espécie de extinção no ES

Jacaré-de-papo-amarelo está em perigo de extinção no Espírito Santo. Foto: Leonardo Merçon

Um programa de monitoramento, conservação e repovoamento do jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) será lançado em Unidades de Conservação do Espírito Santo. A espécie corre risco de extinção no Estado.

O projeto inédito no Estado vai utilizar os jacarés presentes no cinturão verde da unidade de Tubarão da ArcelorMittal como base populacional para promover o repovoamento. A população de jacarés da região é a maior e mais saudável do Espírito Santo.

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Um Acordo de Cooperação Técnica foi formalizado para a criação do programa, coordenado pelo Instituto Marcos Daniel (IMD). A iniciativa conta com parcerias da ArcelorMittal, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

O programa também visa criar um modelo replicável que integre conservação ambiental, educação e desenvolvimento sustentável.

O jacaré-de-papo-amarelo, espécie símbolo da Mata Atlântica e registrado como “em perigo” na Lista Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção, desempenha um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos e terrestres.

Programa pioneiro no ES

O projeto irá levar os ovos das espécies de jacarés que habitam as lagoas da ArcelorMittal, na Serra, para uma incubadora no Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra.

No local, os animais serão criados até um ano de idade e depois serão soltos no ambiente. A expectativa é de que a ação promova o repovoamento na localidade e o aumento da presença do jacaré-de-papo-amarelo no Estado.

Com duração prevista de até 10 anos, o projeto prevê monitoramento ecológico, repovoamento com exemplares nascidos em ambientes protegidos, educação ambiental, formação de pesquisadores.

O programa também busca envolver a sociedade em práticas de conservação e promover a restauração de habitats.

Além das ações de proteção e educação, o projeto prevê o acompanhamento dos resultados obtidos, como o aumento da população de jacarés-de-papo-amarelo nas áreas de repovoamento e a redução da taxa de mortalidade.

As ações desenvolvidas pelo IMD, em parceria com a ArcelorMittal, contribuem para o alcance de seis dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, incluindo educação de qualidade, ação climática e preservação da vida na água e na terra.

Para o gerente geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal, Bernardo Enne, o projeto de conservação representa uma oportunidade de inovação e compromisso com a proteção ambiental.

“Além de proteger uma espécie em risco, este projeto exemplifica como empresas e instituições podem colaborar para a preservação de nosso patrimônio natural”, disse.

O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, ressaltou a cooperação entre diferentes setores para o sucesso de iniciativas de preservação.

“A conservação da natureza e o desenvolvimento econômico e social podem caminhar lado a lado. Temos orgulho de iniciar este que é um modelo inovador de sustentabilidade e proteção de espécies ameaçadas de extinção”, disse.

O coordenador do Projeto Caiman, Yhuri Nóbrega, acrescenta que o programa é o resultado de um trabalho de pesquisa e proteção.

“O uso dos jacarés do cinturão verde da ArcelorMittal como população fonte para o repovoamento demonstra como ciência e sustentabilidade podem caminhar juntas”, comentou.

Bruna Legora de Paula Fernandes, dirigente do Centro de Apoio Operacional da Defesa do Meio Ambiente do MPES, também reforçou a importância do projeto para a preservação ambiental.

“Fazer parte desse projeto de proteção aos jacarés-de-papo-amarelo é, para nós, a materialização do nosso dever constitucional de proteger o meio ambiente, garantir o direito dos animais e a biodiversidade. Preservar a fauna é preservar a vida”, concluiu.

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