Sebastião Salgado se formou na Ufes e conheceu a mulher em Vitória

Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Sebastião Salgado, grande nome da fotografia mundial, que morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, desenvolveu um grande laço afetivo com o Espírito Santo. Entre alguns fatos marcantes estão a formação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Salgado nasceu no município de Aimorés, em Minas Gerais, na divisa com o Espírito Santo, e veio morar em Vitória aos 15 anos.

Em 1964, entrou no curso de Ciências Econômicas da Ufes, onde se formou no final de 1967. “Tenho orgulho de ter passado boa parte da minha juventude neste lugar, que para mim é o mais bonito do Brasil”, declarou em 2012, quando filmava no Estado.

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Depois de alguns anos, pelo reconhecimento e pela contribuição às artes e produção fotojornalística, recebeu o título de doutor honoris causa concedido pela Ufes em sessão solene realizada no dia 12 de maio de 2016, no Teatro Universitário.

Na ocasião, o fotógrafo manifestou sua gratidão à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Minha primeira formação foi nesta Universidade. Aqui eu tive a oportunidade de ter uma formação ética, política. Agradeço às autoridades universitárias que me concederam este título e prometo honrá-lo até o fim de minha existência.

Sebastião Salgado conheceu a esposa em Vitória

Segundo informações do jornal O Globo, o casal se conheceu quando Lélia tinha 17 anos e ele, 20, na Aliança Francesa de Vitória, no ano de 1964.

“Lélia foi uma das moças mais bonitas do mundo”, também recordou o fotógrafo ao jornal El País.

O fotógrafo morreu em Paris, na França., por complicações da malária. O mineiro havia sido diagnosticado com a doença infecciosa em 1990. Desde então, convivia com as sequelas da condição, mas, de acordo com amigos, os medicamentos deixaram de funcionar nos últimos anos.  Salgado deixa a esposa, os filhos Juliano e Rodrigo, e os netos Flávio e Nara.

História de vida de Sebastião Salgado

Salgado nasceu em Aimorés, no interior de Minas Gerais, e foi criado em uma fazenda ao lado de sete irmãs. Formou-se em Economia antes de migrar para a fotografia, obtendo mestrado pela Universidade de São Paulo (1968) e doutorado pela Universidade de Paris (1971), onde buscou exílio durante a ditadura militar brasileira.

Ele trabalhava na Organização Internacional do Café, em Londres, quando iniciou o desejo de fotografar. A atividade exigia muitas viagens à África e Salgado gostava de documentar o que via.

Em 1974, fez seu primeiro trabalho como fotógrafo freelancer para a agência Sygma. Rapidamente se destacou, sendo contratado por outra agência, a Gamma. No final de 1979, Salgado passou a integrar a Magnum, cooperativa que revolucionou a fotografia documental no século 20, fundada por nomes como Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.

Em 1981, Salgado foi responsável por registrar um momento histórico: o atentado ao então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan. Ele estava na cidade de Washington quando o político foi baleado na saída do hotel. O registro foi vendido para jornais de todo o mundo e colocou o nome do fotógrafo em centenas de publicações.

Na década de 1980, ele já havia se estabelecido o suficiente para financiar projetos pessoais. No livro Outras Américas, de 1986, ele registrou povos indígena de toda a América Latina. Naquele período, o seu estilo de fotografia, quase sempre em preto e branco, passou a ser reconhecido pela comunidade mundial.

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Com a série Trabalhadores, de 1997, ele documentou o trabalho manual e penoso de indivíduos ao redor do mundo, de minas de enxofre na Indonésia à pesca de atum na Sicília.

Durante a produção da série, Salgado realizou um dos trabalhos pelo qual é mais lembrado: o registro de garimpeiros na Serra Pelada, no Pará, que revela as condições desumanas em que a extração do ouro ocorria. Uma das imagens da série, a obra Mina de Ouro de Serra Pelada, Estado do Pará, Brasil, foi eleita pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade.

O fotógrafo também se dedicou a registrar a vida de migrantes, desabrigados e refugiados nos livros Exôdo Retratos de Crianças do Êxodo. Para o projeto, ele viajou durante seis anos por mais de 40 países. “Este livro [Êxodos] conta a história da humanidade em trânsito. É uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria”, escreveu ele na introdução da obra.

Em 1994, Salgado fundou a agência Amazonas Images, dedicada ao seu trabalho. A maior floresta brasileira também foi tema de seus trabalhos. O fotógrafo passou seis anos viajando pela região e documentando seus povos, rios, montanhas e animais. As imagens estão reunidas em um livro e foram apresentadas em uma exposição que passou por cidades como Paris, Rio de Janeiro e São Paulo em 2022.

O fotógrafo morava na capital francesa com a mulher, Lélia, e deixa dois filhos, Juliano, que nasceu em 1974, e Rodrigo, de 1979, que nasceu com Síndrome de Down. Ele também deixa dois netos, Flávio e Nara.

O filho mais velho, Juliano, é cineasta e lançou em 2015, ao lado do diretor Wim Wenders, o documentário O Sal da Terra, que conta a trajetória de seu pai. O longa foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário e recebeu o prêmio César, principal premiação do cinema francês.

O filme mostra as viagens de Salgado a locais remotos como o Círculo Polar Ártico e Papua Nova Guiné, que renderam uma série exposta no livro Gênesis, de 2013, que destaca as belezas naturais do mundo.

*Com informações do site da Ufes e do Estadão Conteúdo.

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