
O juiz Carlos Henrique do Amaral Filho conduziu nesta quarta-feira (21), no Fórum de Vitória, o julgamento do médico Celso Luís Ramos Sampaio, acusado de dopar e matar a princesa e miss pomerana Rayane Luiza Berger, em Santa Maria de Jetibá, região Serrana do Espírito Santo, em 2015.
Ao proferir a sentença de 27 anos e 9 meses de prisão pelo crime de feminicídio, o juiz destacou que Rayane, que completaria 33 anos este ano, era uma filha dedicada e nunca teve a oportunidade de ver seus sonhos concretizados.
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Rayane era uma filha carinhosa, filha e irmã exemplar. Agora, não frequentará mais a escola, a faculdade, e deixará saudade junto às amigas. Completaria 33 anos, mas não conheceu a concretização dos seus sonhos. Fixo a pena definitivamente em 27 anos e 9 meses de reclusão.
Miss pomerana: júri durou 9 horas em Vitória
O juiz informou que o condenado cumprirá a pena inicialmente no regime fechado com prazo de validade para 20 de maio de 2035, considerando que o acusado completará 70 anos.
Rayane era namorada do réu, à época do crime, e foi assassinada aos 23 anos, na zona rural do município.
O julgamento de Celso Luís durou cerca de nove horas. A sentença foi proferida pelo juiz por volta de 17h10.
Celso acompanhou o júri por videoconferência, em uma casa na Mata da Praia, e foi preso no imóvel. Ele cumprirá a pena inicialmente em regime fechado. Além da condenação, ele terá de pagar R$ 500 mil em indenização à família da vítima.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) solicitou à Justiça que o condenado perca o direito de exercer a Medicina junto ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES).
Pais da vítima acompanharam o julgamento
Os pais da vítima acompanharam o julgamento, e logo após a sentença, desabafaram sobre o luto que já dura 10 anos.
Segundo a mãe da vítima, Clarice Berger, a família sente que a justiça foi feita.

“Nada traz Rayane de volta, mas traz um alívio, pelo menos agora a justiça foi feita. Eu agradeço pelo trabalho do Ministério Público, acho que agora vou poder descansar mais, porque toda vez que o júri era marcado trazia muito sofrimento para mim. Agora, ela pode descansar em paz e a gente também vai ter um pouquinho de paz”, disse.
O pai de Rayane, Wilson Berger, também esteve no julgamento. Inquieto durante a sessão, ele abandonou a sala com um sorriso.
De acordo com ele, a sentença traz alívio para familiares e amigos da filha, assim como para os moradores de Santa Maria de Jetibá, que estavam ansiosos pela condenação do assassino.
“Estou alegre, com o coração aliviado, agora até a Rayane pode descansar em paz. Não é fácil, mas a justiça ainda existe, demora um pouco, mas estamos aliviados, e o povo de Santa Maria também, tenho certeza”.
Médico não respondeu ao MPES e ao juiz
O interrogatório do réu teve início por volta de 9h20 e Celso Luís respondeu apenas as perguntas feitas pelos jurados e pela defesa.
Ele foi instruído pela defesa a não responder questionamentos feitos pelo MPES e pelo juiz que presidiu a sessão.
Por volta de 12h45, o MPES encerrou sua fala. A sessão foi retomada na parte da tarde, com a sustentação da defesa do réu, seguida pelos votos dos jurados, que condenaram o médico.
Defesa questionou segurança do réu
O julgamento aconteceu em Vitória por um pedido feito pela defesa de Celso ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), que questionava condições de segurança do réu no município onde ocorreu o município.
A defesa também questionava se o acusado seria julgado com imparcialidade por um júri em Santa Maria de Jetibá, uma vez que o crime causou grande comoção popular.
O julgamento estava inicialmente previsto para 13 de março deste ano, mas foi adiado por conta do pedido da defesa.
Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 6 de junho de 2015, próximo ao distrito de Alto Rio Possmoser, na zona rural de Santa Maria de Jetibá. Já o corpo da miss pomerana foi encontrado em um carro no dia 7 de junho de 2015, em Santa Maria de Jetibá.

Médico dopou a miss com medicamento
Na ocasião, o médico teria dopado Rayane com medicamento de uso controlado e proferido golpes com objeto contundente, causando ferimentos na nuca da vítima.
Em seguida, o réu colocou Rayane em um veículo e forjou um acidente automobilístico. No dia seguinte ao crime, ciclistas avistaram o carro em um rio ao lado da estrada e acionaram os bombeiros.
Após encontrarem o carro, os bombeiros quebraram os vidros do veículo para realizar o resgate, mas a vítima já estava morta.
Na época, os parentes de Rayane disseram aos bombeiros que a jovem morava em Vitória com o marido, mas estava na casa da família, que residia em Alto Rio Possmoser.
Foi identificado durante as investigações que o carro estava com todas as portas trancadas, sem marcas de frenagem e sem os airbags acionados, o que levantou a hipótese de que não havia sido um acidente.
*Com informações da repórter Luciana Leicht, da TV Vitória/Record