
O fluxo de capital estrangeiro tem ganhado força na Bolsa brasileira nas últimas semanas. A avaliação é de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, que vê uma combinação de fatores internos e externos impulsionando esse movimento. A análise foi feita durante entrevista à BM&C News.
Segundo Cruz, o otimismo recente de bancos como Morgan Stanley e Safra, com projeções que colocam o Ibovespa na casa dos 190 mil pontos até 2026, está ligado tanto a uma fuga de recursos de mercados desenvolvidos quanto a sinais de melhora no ambiente macroeconômico do Brasil.
“Você tem uma parcela [do investidor estrangeiro] olhando para o cenário interno, entendendo que já vamos começar a discutir corte de juros. Isso possibilita uma alocação maior em renda variável nos próximos 12 meses”, explicou.
Ciclo de juros e apetite por risco moldam fluxo de investidores estrangeiros
A perspectiva de queda na taxa Selic — ainda que debatida entre cortes em setembro, dezembro ou apenas em 2026 — torna o Brasil mais atraente no cenário atual. Com o rendimento da renda fixa brasileira ainda elevado, o investidor institucional costuma ter dificuldade para migrar para a renda variável. No entanto, essa tendência pode mudar diante do fechamento da curva de juros.
“Quando você tem 1% ao mês garantido na renda fixa, é difícil atrair atenção para a Bolsa. Mas, com a curva sinalizando queda, abre-se espaço para essa migração”, avaliou o estrategista.
Estrangeiro mira blue chips, depois as small caps
Na visão de Cruz, o fluxo estrangeiro tende a priorizar as grandes empresas listadas no índice, como Vale, Petrobras e Itaú, antes de buscar papéis com maior risco.
“O Ibovespa é muito concentrado. Oito ou nove empresas representam quase 50% do índice. Geralmente, quando o investidor estrangeiro quer entrar em renda variável no Brasil, ele começa pelas blue chips. As small caps vêm depois”, afirmou.
Apesar do potencial exponencial das empresas de menor capitalização, o estrategista lembra que a volatilidade associada a esses ativos ainda é um fator limitador em meio a um cenário de incerteza global.
Falta de IPOs reflete desalinhamento do mercado doméstico
Embora o Ibovespa esteja renovando máximas históricas, Cruz chama atenção para a ausência de novas ofertas públicas iniciais (IPOs) nos últimos três anos. Segundo ele, o desinteresse do investidor pessoa física e o foco dos fundos de pensão e multimercados em renda fixa têm enfraquecido o mercado de capitais nacional.
“A falta de IPOs é reflexo da preferência do investidor por renda fixa e dos resgates expressivos em fundos de ações e multimercados, segundo dados da Anbima”, disse.
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